Análise Jerónimo Martins by Champignon
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Tipo de negócio
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O grupo Jerónimo Martins é constituído por 3 grandes sectores:
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-Distribuição
Sector presente em 2 países. São eles Portugal e Polónia.
A actividade do Grupo Jerónimo Martins na área da distribuição alimentar em Portugal iniciou-se entre o final da década de 70 e o início da de 80. Envolvendo operações nos formatos de retalho e grosso, Jerónimo Martins é líder na distribuição alimentar, com as marcas Pingo Doce (líder em supermercados), Feira Nova (terceiro operador de hipermercados) e Recheio (líder em cash& carry).
Na Polónia, o Grupo Jerónimo Martins adquire, em 1997, a cadeia Biedronka, que em português significa "joaninha". A então chamada "Operação Joaninha" conquistou o mercado polaco, tornando-se a Biedronka numa das mais fortes cadeias de retalho alimentar do país, ocupando uma destacada posição de liderança.
Actualmente com mais de 1.400 lojas, com mais de 28.000 funcionários e mais de 500 referências de marcas exclusivas, a Biedronka é a maior cadeia de supermercados presente na Polónia, reconhecida por mais de 92% dos consumidores polacos, possuindo a liderança no mercado do retalho alimentar.
-Indústria
O Grupo Jerónimo Martins iniciou a sua actividade na Indústria no final da década de 30, início de 40, tendo como grande marco a inauguração da fábrica Fima (Fábrica Imperial de Margarina, Lda.), em 1944, dedicada à produção de margarinas e óleos alimentares.
O grande momento de expansão do Grupo nesta actividade ocorreu em 1949, data em que se estabeleceu uma joint venture com a multinacional anglo-holandesa Unilever, cujos produtos eram comercializados por Jerónimo Martins desde há muito.
No início de 2007 com a Fusão das Empresas, Fima VG, Lever Elida e Olá, surge a empresa Unilever Jerónimo Martins. Da fusão a estrutura de participações passou a ser 55% Unilever e 45% Jerónimo Martins.
Neste momento a empresa inclui produção da seguinte gama de produtos: Margarinas, Azeite, Óleo, Chá
Gelado, Sopas, Caldos, Higiene Doméstica e Pessoal, e Gelados
-Serviços
Dentro desta área podemos incluir várias outras empresas do grupo.
A JMD, consiste na representação e distribuição em exclusivo de marcas internacionais, na sua maioria líderes de mercado, tanto na área alimentar como de cosmética. Aqui destacam-se marcas como Kellogg´s, Nestlé, Heinz , Guloso, Bahlsen, Storck, Canderel ,Lindt, Truly, Sunquick, Jerónimos, Beter Elite, Cellcosmet, Lifelab e The different company.
Temos ainda :
A Hassel, especialista de chocolates e "guloseimas", contando neste momento com 23 lojas.
A Caterplus que se destina a servir o mercado português de food service, quer na sua vertente institucional (cantinas, instituições públicas) quer na vertente de restauração comercial (retalhistas especializados, cadeias de restauração, indústria hoteleira e operadores de restauração independentes). A Caterplus, através da sua estrutura de vendas, assegura uma cobertura de vendas nacional incluindo as regiões autónomas da Madeira e dos Açores.
A Jeronymo, uma rede de quiosques, que conta com 25 lojas.
A geladaria de origem americana Ben & Jerry's. , onde a Jerónimo Martins o assegura a gestão operacional de uma loja.
As lojas e quioques Olá (gelados) tendo a JMT 32 sob gestão.
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Bem,
Feito um resumo do que faz a empresa passemos á análise propriamente dita.
É sempre importante percebermos o modelo de negócio. Ao contrário do que muita gente pensa, a JMT não é apenas a “dona” de alguns supermercados. Tem várias outras actividades, mas tudo dentro do sector alimentar. É assim muito fácil perceber o negócio da empresa.
No entanto isto nem sempre foi assim.
Entre 1995 e 2000, houve aqui uma tentativa de diversificar o negócio, tornando-o ruinoso. Destaco para uma pareceria com O BCP no Expresso Atlântico, uma parceria com a Oniway nas telecomunicações, e a aquisição da VMPS nas águas e turismo.
Resultado disto? Prejuízos!
De 2000 a 2003 a empresa fez a sua necessária reestruturação, alienando os negócios fora da sua actividade central. Depois disso voltaram aos lucros.
E seguindo uma máxima de Peter Lynch…” Go for a business that any idiot can run - because sooner or later, any idiot probably is going to run it.”
E não é que isto é mesmo verdade!
Por exemplo aqui temos uma vantagem comparado com a Sonae.
Bem e para quem ainda duvida das potencialidades da AF…vejam a queda da JMT desde 1998 até 2000, a reflectir os seus fundamentais.
Lembro que em 1999 a bolsa nacional teve uma subida de +- 5000 pontos.
Tecnicamente:
A acção está a fazer um de 2 cenários:
-Ou um duplo topo, e aí a cotação viria para baixo.
-Ou um H&S invertido e a cotação irá para máximos.
Considerações finais
Fiquei muito surpreendido com a JMT. Nunca tinha olhado para ela com o devido detalhe, e julgava que a acção estaria mais próximo de estar sobre avaliada do que o contrário.
Para minha surpresa, verifiquei o contrário.
Vimos uma subida consistente dos resultados líquidos em 24% mesmo tendo o zloty desvalorizado 19%.
Utilizando os dados do relatório, o câmbio do zloty foi em 2008, de 3.51 e em 2009 de 4.31.
O que me preocupa é de facto, o Zloty. Mas é mais uma preocupação de curto prazo. Estou confiante que a longo prazo a Polónia irá entrar no Euro, e aí termos uma JMT fortíssima.
A margem de progressão na Polónia é muito grande, pois são ainda um país em franco desenvolvimento. E tem 4 vezes mais potenciais clientes do que em Portugal.
Mas para o próximo ano antevejo 2 cenários possíveis.
Ou a crise mundial se mantêm, e consequentemente descem os mercados e o zloty face ao euro ou, caso haja uma recuperação global, o zloty caminhará e tenderá no sentido da paridade para com o euro.
Se for este último caso, os resultados da JMT serão bombásticos. Não tenho grandes dúvidas.
Vou então traçar o cenário que antevejo para o próximo ano. De notar que é apenas a minha visão pessoal.
Em 1º lugar vou admitir para 2010 o valor do Zloty de 3.95.
Neste momento está a 3.90 e a sua tendência é descendente.
Em seguida vou admitir um aumento de 37.5% para as vendas da Biodronka. Se em 2009 com o aumento de apenas 8% de área de venda em relação a 2008, aumentaram as vendas em 29%, utilizando a mesma proporção em 2010, com o aumento previsto de 10% de área de venda teremos um crescimento de 37.5%.
Isto dará ao câmbio anteriormente referido de 3.95, vendas no valor de 5593M.
Para o mercado português estimei um aumento conservador de 5% das vendas. Isto daria para Portugal 3772M.
Acredito que possa subir mais que isto, devido sobretudo ao incremento de qualidade e competitividade que a marca Pingo Doce tem vindo a ganhar. Mas ficamos pelos 5% para efeitos de cálculo.
Ficaria então a Polónia com uma cota de 59.7%.
Parece-me razoável tendo em conta os planos futuros da empresa.
Isto daria vendas totais de 9365M.
Aplicando a mesma margem de lucro liquida de 2.74% dará um lucro futuro de 256.6M de euros. Isto daria um EPS de 0.41. Isto seria 28% superior ao ano passado.
Acredito que a margem liquida tem também todas as condições para subir para os 3%, com o aumento da cota de mercado para 60% na Polónia (onde as margens são maiores), bem como á eficiente politica de gestão da empresa nos últimos anos.
Mas vamos considerar para efeitos de cálculo a mesma margem que 2009 de 2.74%.
A JMT passaria assim a transaccionar com um PER para 2010 de 17.8.
Para transaccionar com o PER actual de 23 a cotação daqui a 1 ano teria que ser de 9.43 Euros. São 30% de potencial de valorização.
E olhando para as perspectivas futuras acho que com esta politica de gestão, e entrando a Polónia no Euro, temos condições para a JMT crescer 25% ao ano, nos próximos 5 anos.
Sendo assim a JMT poderia perfeitamente transaccionar com um PER perto de 25 no futuro.
Esta é análise que faço para estes parâmetros.
Qualquer alteração positiva no Zloty, no crescimento a nível nacional ou na margem líquida fariam aumentar significativamente o potencial da acção. Atenção que o contrário também será verdade.
A diminuição da dívida efectuada em 2009 também irá resultar em custos inferiores com financiamento,s que se irão reflectir positivamente nos resultados.
Penso que os cálculos estão bem explicados, portanto é só ir adaptando os parâmetros (sobretudo o câmbio doo zloty).
Vou considerar esta empresa como um investimento. Era óptimo se ela estivesse a fazer um duplo topo e viesse cá abaixo. Seria uma excelente oportunidade de compra. Se fizer o H&S, e atingir novos máximos, reduz o seu potencial, mas continuo a considera-la um bom investimento.
É uma candidata a entrar na futura carteira que estou a pensar criar.
Deu algum trabalho a elaborar, mas penso que está escrita de forma clara e devidamente justificada.
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Relembro também que isto é apenas a opinião do autor, não podendo ser confundido como uma recomendação de investimento.

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